Lance! - Sada Cruzeiro pode sofrer punição grave por homofobia

Por Fábio Aleixo e Luiz Paulo Montes – Lance!

Juiz e delegado de jogo não relataram xingamentos contra Michael, do Vôlei Futuro, mas caso vai parar no STJD.

O preconceito sofrido pelo meio de rede Michael, do Vôlei Futuro, no confronto contra o Sada Cruzeiro em Contagem (MG), continua com desdobramentos. Depois de dizer ao LANCENET! na segunda-feira que não gostaria de comentar sua opção sexual, o jogador, na terça, admitiu ser homossexual.

– Sou gay, mas isso não precisa ser comentado publicamente. Todo mundo aqui no Vôlei Futuro sabe – afirmou à reportagem.

A Confederação Brasileira de Vôlei (CBV) recebeu na terça-feira um relatório e um vídeo, enviados pelo Vôlei Futuro, com imagens dos xingamentos direcionados ao jogador.

Se a homofobia da torcida mineira contra Michael, no primeiro jogo da semifinal, for de fato comprovada, o Sada/Cruzeiro pode sofrer uma punição pesada.

De acordo com o artigo 243-G do Código Brasileiro de Justiça Desportiva (CBJD), “o ato discriminatório relacionado a preconceito em razão de origem étnica, raça, sexo, praticado por considerável número de pessoas vinculadas a uma mesma entidade (...) será punido com a perda do número de pontos atribuídos a uma vitória no regulamento da competição, independentemente do resultado”.

E, embora o juiz e o delegado da partida não tenham mencionado nenhuma confusão no relatório do jogo, a CBV ja encaminhou os documentos para análise do Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD). O LNET! tentou contato com o órgão, mas não obteve retorno até o fechamento da edição.

Eduardo Carlezzo, diretor do Instituto Brasileiro de Direito Desportivo, afirma que não se lembra de nenhum caso semelhante. Mas ressalta que se a lei for corretamente aplicada no julgamento, a punição deve ser a descrita acima.

O Sada/Cruzeiro, em nota oficial emitida em seu site, afirmou que, se o preconceito efetivamente aconteceu, foi por parte de um grupo isolado e não pode ser considerada uma atitude generalizada.

O comunicado diz ainda que a agremiação suspeita que as denúncias do Vôlei Futuro sejam uma manobra no sentido de intimidar a equipe mineira e sua torcida no segundo confronto da série, que será disputado sábado, em Araçatuba.

O QUE DIZ O CÓDIGO

Artigo 243 - G

“Praticar ato discriminatório, desdenhoso ou ultrajante, relacionado a preconceito em razão de origem étnica, raça, sexo, cor, idade, condição de pessoa idosa ou portadora de deficiência.”

Pena:

1 - “Caso a infração prevista seja praticada simultaneamente por considerável número de pessoas vinculadas a uma mesma entidade, esta será punida com a perda do número de pontos atribuídos a uma vitória no regulamento, independentemente do resultado da partida.”

2 - “A pena de multa prevista poderá ser aplicada à entidade cuja torcida praticar os atos discriminatórios, e os torcedores identificados ficarão proibidos de ingressar na praça esportiva pelo prazo mínimo de setecentos e vinte dias.”

O Sada/Cruzeiro, por meio de comunicado oficial emitido sobre o caso de preconceito com o central Michael, afirmou que responsabilizará a diretoria do Vôlei Futuro caso haja algum ato de vandalismo contra os representantes de sua delegação no jogo do próximo sábado.

“Em virtude do clima que se pretende criar com denúncias infundadas, cumpre-nos informar que o departamento do Sada já está trabalhando no sentido de tomar as devidas providências”, diz trecho do texto do site oficial do time.

Por outro lado, o Vôlei Futuro disse que a segurança da delegação do Sada está assegurada. Segundo Marcela Constantino, diretora da equipe, o Ginásio Plácido Rocha costuma receber 27 policiais militares, em base móvel, e 20 seguranças particulares. Na terça-feira, a diretoria do Vôlei Futuro se reuniu com a polícia para ver se aumentaria o número.


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