Investimentos Exóticos

Você já pensou em fugir do óbvio e unir a busca pelo retorno financeiro a uma dose de paixão e divertimento? Com foco em ativos não tão tradicionais, além de visar à diversificação do portfólio, os chamados “passion investments” são idéias, pois, quanto mais entendimento e prazer o investidor tiver na hora de aplicar, maiores são as chances de retorno.

PAIXÃO NACIONAL
Para os amantes do futebol, que tal além de torcer pelo time do coração ainda ganhar dinheiro com o esporte mais popular do País? Na Europa já existem alguns fundos de investimentos que têm, na carteira, os direitos econômicos de atletas, além de outras atividades ligadas a esta modalidade esportiva. No Brasil, um projeto já saiu do papel, mas foi destinado a um único investidor, o Banco BMG, cujas atividades no futebol vêm ganhando grande relevância. De acordo com a CVM (Comissão de Valores Mobiliários), o Soccer BR 1, primeiro FIP (Fundo de Investimento em Participações) destinado ao investimento em futebol, investe em uma sociedade de propósito específico que faz a gestão da carteira de jogadores.

“Com os avanços da economia nacional, do mercado de capitais, com  o fortalecimento dos clubes e a sua efetiva profissionalização, creio que determinados instrumentos financeiros podem, sim, ser utilizados no futebol, para, por um lado, capitalizar os clubes e, por outro, possibilitar ao investidor uma rentabilidade adequada”, afirma o advogado Eduardo Carlezzo, diretor do Instituto Brasileiro de Direito Desportivo.

“Chegou a hora de o mercado brasileiro ‘testar’ este tipo de investimento com mais profundidade”, completa o advogado que revela que o assunto já vem sendo discutido com diversos clubes nacionais. “Mas, na prática, nada aconteceu ainda”.

PARA BONS BEBEDORES...
E SUPERQUALIFICADOS INVESTIDORES
Enquanto o investimento em jogadores de futebol por meio de fundos ainda não está acessível aos investidores, outros exemplos de passion investments estão sendo alvo de grandes gestores, que buscam, com ativos diferenciados em sua carteira, atrair aqueles que procuram algo mais tangível para aplicar. É o caso do Bordeaux Wine Fund Multimercado, gerado pela Cultinvest, que investe até 100% da sua carteira em um fundo offshore, composto por vinhos finos de produtores consagrados da região de Bordeaux. Por essa característica, no entanto, a aplicação não é para qualquer um. “O fundo só pode receber investimentos dos chamados investidores superqualificados, que detenham investimento financeiro superior a R$ 300 mil e disponham de R$ 1 mmilhão, que é a aplicação mínima inicial”, revela Alexandre Zakia, da Cultinvest.

Acreditamos que o público desse fundo é formado por aqueles investidores que queiram diversificar seus investimentos com ativos reais de baixa correlação com ações de renda fixa e que oferecem uma expectativa de retorno expressiva no longo prazo”, completa.

De acordo com Zakia, não é preciso ser um expert em vinhos para entrar nesse mercado, no entanto, “um conhecedor do assunto saberá apreciar melhor o valor intríseco dos ativos que compõem a carteira”.

DIVERSIFICAÇÃO E ARTE
Indicado tambem para investidores que querem diversificar a carteira, e principalmente àqueles que se identificam com a arte e gostam do tema, o Brazil Golden Arts (FIP-BGA) tem como estratégia de investimento a constituição de uma coleção de obras de arte diferenciadas e abrangentes dos vários segmentos da arte brasileira, com foco principal na arte contemporânea.

Com aplicação mínima de R$ 100 mil e 5 anos de duração, o fundo, pioneiro no Brasil, já está fechado, mas deve dar importante retorno àqueles que apostaram na ideia. “Esperamos uma rentabilidade excepcional, tendo em vista que arte é um ativo que tem se destacado bastante em relação aos tradicionais, segundo principais índices de avaliação de performance de investimentos”, exalta Heitor Reis, da Plural Capital, responsável pela gestão do fundo. “A expectativa é que continue crescendo, tendo em vista a excepcional qualidade da nossa produção, aliada ao momento econômico brasileiro, conjunção fundamental para o sucesso da iniciativa”, completa.

PARA APRECIADORES DA SÉTIMA ARTE, E GRANDES PAGADORES DE IR
Outra forma de unir paixão, diversão, investimento e, de quebra, usufruir de um benefício fiscal, é por meio dos Funcines – Fundos de Financiamento da indústria Cinematográfica Nacional. Com aporte mínimo que varia de R$ 5 mil a R$ 50 mil os Funcines são, de acordo com Karen Castanho, sócia do grupo Lacan (responsável pela gestão de cinco fundos voltados ao cinema), destinados aos grandes pagadores de imposto de renda, que podem, no caso de pessoas físicas, alocar até 6% do imposto de renda devido e, ter o valor totalmente deduzido do IR. “Contudo, mesmo os investidores que não são grandes pagadores de imposto de renda, mas que tenham interesse no projeto, podem aderir ao fundo como uma forma de diversificação de seus investimentos”, revela Karen.

Além do benefício fiscal, as formas de retorno desse tipo de investimento se dão, principalmente, por meio da bilheteria, licenciamento e participação no projeto, já que parte grande dos ganhos neste sentido volta para o fundo.

Outras vantagens dos Funcines são transparências nas aplicações, tendo em vista que o Funcine é regulamentado pela CVM; facilidade de contabilização; a experiência do gestor na negociação com os produtores; e, principalmente, a diluição do risco sobre o investimento, uma vez que o fundo investe em um portfólio diversificado de projetos.


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