Fifa muda sistema e confirma domínio do Brasil no mercado mundial

Por Allan Brito, portal Terra.

Uma teoria antiga do futebol ganhou estatísticas e agora foi comprovada. A percepção de que os brasileiros dominam o mercado da bola mundial é real, de acordo com os dados do TMS (Transfer Matching System), um novo sistema da Fifa (Federação Internacional de Futebol). Com essa ferramenta, a entidade máxima do esporte passou a controlar melhor as transferências de jogares ao redor do mundo e viu que 13% dessas negociações envolveram atletas do Brasil em 2011.

"O mercado do futebol sabia que o Brasil era o maior exportador, mas sem dados para saber quantas transferências exatamente aconteciam", comentou Eduardo Carlezzo, advogado especialista em direito esportivo, que destacou ainda outra importância desses dados da Fifa: "são dados inéditos. Pela primeira vez temos uma apuração adequada de quantas transferências internacionais aconteceram no mundo e de que nacionalidades elas vieram".

A Fifa divulgou que 3 bilhões de dólares (R$ 5,4 bilhões) foram movimentados em 11.500 transferências que aconteceram durante 2011. Além dos brasileiros, os argentinos também movimentaram bastante o mercado, estando envolvidos em 7% das transferências. Logo depois no ranking, aparecem França, Uruguai, Colômbia, Sérvia e Nigéria - todos com empate técnico de 3%. Importantes países como Inglaterra, Espanha e Portugal só apareceram depois, em oitavo, nono e décimo, respectivamente.

"O Uruguai estar em terceiro é um fato enorme, por causa da pequena população do país. A Colômbia é outra surpresa, porque não tem produzido tantos atletas de qualidade, com exceção do Falcao (García, do Atlético de Madrid-ESP)", destacou Carlezzo, chamando atenção para fatos que a Fifa provavelmente não tinha conhecimento, mas agora conseguiu, graças ao TMS.

Esse sistema já existia antes, mas só em 2011 passou a ser obrigatório. Depois de cada transferência, todos clubes do mundo tiveram que detalhar no TMS os valores da negociação. Com isso, foi criada uma grande base de dados sobre o mercado da bola, mas apenas estatísticas gerais foram divulgadas para a mídia - valores individuais de cada transferência ficaram omitidos.

Erro sobre empresários

A Fifa ainda precisa estudar como utilizar melhor esses dados, mas um dos caminhos apontados por Eduardo Carlezzo é detalhar a ação dos empresários e agentes do futebol. Isso porque há um erro no relatório divulgado pela entidade sobre esse assunto.

De acordo com as estatísticas da TMS, as transferências de 2011 renderam 130 milhões de dólares (R$ 235,4 milhões) a agentes licenciados. "Mas esse número deve ser bem maior, porque a maior parte não possui licença", apontou o advogado. Como se trata de um dado em que a verdade não é refletida pela estatística, a Fifa deve ficar de olho. É possível que alguma mudança seja estudada para o futuro em busca de aperfeiçoamento do sistema.

Curiosidades

Os dados do TMS destacaram curiosidades que o mercado da bola jamais poderia imaginar. Veja algumas estatísticas diferentes levantadas pelo sistema da Fifa:

- Entre as 11.500 transferências, cerca de 70% aconteceram com jogadores que estavam livres

- Estatisticamente, uma transferência foi fechada a cada 45 minutos em 2011

- Os meses de janeiro, julho e agosto foram os que tiveram maior movimentação de transferências

- O dia de maior movimento no mercado da bola foi 31 de agosto, justamente porque é a última data para compras na Europa

- Entre as transferências de jogadores com menos de 18 anos, o Brasil se destaca novamente, pois ficou em segundo lugar entre os países mais envolvidos com essas negociações. Surpreendentemente, a Albânia ficou em primeiro

- 23 anos foi a idade média dos jogadores envolvidos em transferências internacionais. O atleta mais velho a mudar de clube tinha 46 anos.


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