Celular se torna aliado em entretenimento das apostas esportivas

Por UOL.

Dia de jogo é sagrado para a maioria dos brasileiros. Televisão ligada, é hora de se acomodar na poltrona, abrir uma cerveja gelada e... manter o celular nas mãos. Mais do que isso, 1 em cada 4 pessoas que curtem futebol fazem parte do grupo que realizam apostas esportivas no país. Marcos Mantovani é um deles. 43 anos, casado, pai de dois filhos, ele costuma apostar desde que esse mercado abriu as portas no país. "A junção jogo, apostas e aparelho celular mudou meu hábito", conta.

No começo, muitos desses apostadores 'amadores' costumavam realizar suas apostas esportivas nos PCs. Com a transformação da internet no Brasil e também dos aparelhos móveis, esse consumo mudou. De acordo com levantamento da empresa Casa de Apostas, que atualmente patrocina Bahia, Botafogo, Santos e Vitória, 95% das pessoas utilizam celulares quando realizam apostas.

Segundo análise da empresa SEMrush, software pago muito utilizado dentro do marketing digital e reconhecida como o melhor pacote de SEO de acordo com o US Search Awards 2019, o MENA Search Awards 2019 e o SEMY Awards 2019, o mercado latino-americano foi incluso em recente análise realizada em agosto deste ano - a última até então, trazendo uma estimativa que, pelo tráfego do mês avaliado, o número de apostadores na web passa de 30 milhões só no Brasil.

O mercado latino-americano também foi incluído na análise SEMrush. No Brasil, a bet365.com liderou o ranking com 94.845.151 usuários, um aumento de 11,9% desde julho. Ojogodobicho.com segue com 45.769.926, uma queda significativa de 43% em relação ao marco de 81,2 milhões em julho. Bem atrás deles, sportingbet.com alcançou o terceiro lugar com 11,71, batendo freebitco.in, que teve uma queda de 45% para 6,4 milhões de usuários. O site deunopostehoje.com ficou em sexto lugar com 2.817.553 visitas.

"Virou quase uma prática mundial, as pessoas mexerem no aparelho celular enquanto assistem televisão. As redes sociais, obviamente, tomam a maior parte deste tempo, mas o consumo de apostas esportivas aumentou também em razão disso. Ao assistirem partidas de futebol ou qualquer outro esporte, reunimos os principais hábitos do brasileiro: entretenimento, a segunda tela, que é o aparelho mível, interatividade e emoção. Uma coisa está ligada a outra", analisa Hans Schleier, diretor de marketing da Casa de Apostas.

De acordo com pesquisa recente da Fundação Getúlio Vargas de São Paulo (FGV-SP), o Brasil possui dois dispositivos digitais por habitante. Entre os aparelhos, o uso de smartphone é o que mais se destaca: segundo o levantamento, são 230 milhões de celulares ativos no país. Houve um aumento de 10 milhões no número de smartphones ativos em relação a 2018.

"A prática das apostas se tornou fácil e viável, basta apenas um clique. Antigamente as pessoas tinham um preconceito maior e achavam difícil navegar por esses portais. Hoje, bastam dois toques para você ter a experiência de ver um jogo e apostar simultâneamente", completa Hans.

Bruno Shayani, 28 anos, conta que a maior diversão dele é assistir jogos de futebol e apostar. Além da facilidade em fazer esse mecanismo pelo aparelho móvel, alguns outros fatores contribuíram para que ele se tornasse mais adepto desta prática. "A experiência oferecida, desde opções de apostas até de valores, e principalmente a segurança que esses sites proporcionam, os tornando confiáveis, fizeram com que eu me tornasse um apostador constante. Além de tudo isso, ao ganhar uma aposta, você consegue resgatar a premiação com muita rapidez", explica.

Esse tipo de cultura do esporte, tão presente no mercado norte-americano e canadense já há muitas décadas, ganhou força no Brasil mais recentemente e parece ter vindo pra ficar. Um dos principais especialistas deste mercado, Bruno Maia, CEO da 14, agência de conteúdo estratégico, escreveu recentemente o livro 'Inovação é o Novo Marketing', cujo um dos capítulos aborda justamente o tema sobre o Entretenimento das Estatísticas.

Ele entende que integração deste mercado de apostas esportivas com os players de broadcast, em relações de parceria ou patrocínio, vão multiplicar as possibilidades de narrativas para retenção da audiência durante um jogo e mudar as relações do broadcaster tanto com o evento, quanto com a geração de novos diretos de exploração ainda não detectados ou valorizados.

"Sempre cito o caso de um grande amigo que tentava convencer a namorada a assistir ao Superbowl com ele, sem reclamar e, de preferência, interessada. Ela argumentava que não entendia aquele jogo, que era muito chato e não teria condição de ficar horas naquele programa. Ele, persistente, horas antes do jogo, convidou-a para fazer uma série de pequenas apostas de R$ 5 em um site, tentando prever a quantidade de vezes fatos como "quantos tweets o Trump postaria durante a partida", ou se "a cantora do hino estará usando luvas? Se sim, de que cor?", ou ainda "qual seria a primeira música do show do intervalo"… Em meio a tantas micronarrativas, a menina ficou ligada o jogo inteiro e encontrou uma experiência particular e paralela durante todo aquele super evento", lembra ele.

No Brasil, cerca de 450 sites de apostas de fora do país atuam sem nenhum tipo de tributação. Para controlar isso, em dezembro de 2018, o Governo Federal sancionou a Lei 13.756/2018, autorizando o Ministério da Fazenda a criar regras para o licenciamento da exploração de apostas esportivas de quota fixa no Brasil.

De acordo com o portal do próprio Governo, a modalidade seria um serviço público exclusivo da União, cuja exploração comercial ocorreria em todo o território nacional, em quaisquer canais de distribuição comercial, físicos e também em meios virtuais.

A previsão aqui no país era que essa legislação entrasse em vigor em 2019, foi postergada para 2020 e, agora, está com a expectativa que aconteça tão logo a pandemia pelo Covid-19 seja superada.

Um dos pontos que os executivos deste mercado de sites de casas de apostas batem na tecla é que, quando acontecer a regulamentação, ela seja parecida com regulamentações de mercados já maduros como Dinamarca e Reino Unido, que são um equilíbrio na base do cálculo para a cobrança desses impostos e a criminalização no funcionamento das casas de apostas que não tiveram a licença.

Para o advogado de direito desportivo Eduardo Carlezzo, especialista neste nicho, a regulamentação no Brasil precisa ser acelerada. "Em algum momento é muito provável que tenhamos todos os 20 clubes da série A com algum tipo de acordo comercial com empresas de apostas esportivas. Contudo, este mercado vai realmente deslanchar quando as empresas estiverem operando legalmente no país, e para isso o governo federal tem ainda que abrir um processo de concessão de licenças, coisa que está extremamente atrasada", esclarece.


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