Borussia Dortmund, finalista da Champions, prova que futebol e bolsa combinam
Por Felipe Moreno, InfoMoney.
Time alemão não levou a taça. mas o resultado alcançado marca o sucesso do projeto iniciado na virada do milênio com a abertura de capital do clube.
- Eu era apenas uma criança em 1997 quando vi o alemão Borussia Dortmund bater o Cruzeiro, maior rival do meu time de coração - o Atlético Mineiro -, na final da Taça Intercontinental. E desde então possuo uma grande admiração;o pelo Die Schwarzgelben, como o clube é chamado na Alemanha.
16 anos depois, meu amor pelo Dortmund nõo diminuiu nem um pouco: torci, em vão, para que eles derrotassem o Bayern de Munique na final da Champions League, neste sábado (15). Se o Borussia não levou a taça, ao menos o posto de segundo melhor da Europa, mostra o sucesso de um projeto que iniciou na virada do milênio, com a abertura de capital do clube de futebol - o primeiro da Alemanha. Atualmente, 80% das ações do Dortmund circulam pelo mercado.
Já defendi, aqui no Blog da Redação do InfoMoney, a abertura de capital dos clubes de futebol - que, acredito, são benéficos tanto para os clubes como para a Bovespa. Para o Borussia, foi fundamental. No início da década de 2000, o time passava por uma grande dificuldade financeira, que eclodiu em 2005. Chegou a receber um empréstimo de € 2 milhões do Bayern de Munique para o pagamento de salários. Teve de vender o estádio Westfalenstadion e estava altamente endividado.
Desde então, o clube conseguiu retomar a sua situação. Recomprou e reformou o estádio - que agora cabe 80.720 pessoas -, fez um acordo com a seguradora Signal Iduna para renomear a companhia e atualmente é o clube com a maior média de público da Europa: cerca de 80.478 torcedores por partida, cerca de 3 a 10 vezes o que grandes clubes brasileiros levam ao estádio por jogo.
Investiu pesado nas categorias de base, revelou craques como Mario Götze - vendido ao Bayern semanas antes da final da Champions por € 37 milhões - e caçou barganhas, como Robert Lewandowski, Shinji Kagawa e Jakub Blasczykowski. Com isso, conseguiu ser bicampeão do campeonato alemão nas temporadas 2010-2011 e 2011-2012.
Financeiramente, o time vai muito bem, de acordo com levantamento de Eduardo Carlezzo, advogado especializado em direito desportivo. Na temporada passada, faturamento de € 215 milhões, com lucro de € 34 milhões. Atualmente, vale € 193 milhões e já viu as suas ações avançarem 15,03% somente neste ano - gerando ganhos para o torcedor que quis apostar no seu time como empresa.
E o Bayern? Do outro lado do campo esteve o Bayern de Munique, um dos times mais ricos da Europa. O time, que tem como sócios as alemãs Adidas e Audi - cada uma com 9,1% -, teve faturamento de € 373 milhões na temporada 2011-2012, lucro de € 11 milhões e distribuindo metade desse montante em dividendos.
O Bayern tem um time forte, com nomes carimbados na forte seleção alemã como Manuel Neuer, Phillip Lahm, Bastian Schweinsteiger e Thomas Müller, além do francês Franck Ribéry e do holândes Arjen Robben - este autor do gol da vitória na final da Champions aos 44 minutos do 2º tempo. Muito bem administrado, o clube chegou à sua 3ª final no campeonato continental em 4 anos - e parece ter tomado o posto de "grande time do momento" do Barcelona, a quem derrotou na semi-final com duas vitórias acachapantes.
Tanto um modelo quanto o outro fizeram times vencedores, e é isso que o futebol nacional precisa emular, antes de conseguir copiar o estilo de futebol que os grandes clubes europeus vem criando. "A administração dos clubes alemães deve servir de exemplo aos clubes brasileiros", afirma Carlezzo.