Huachipato, possível carrasco do Grêmio, tem faturamento 50 vezes menor
Por Rodrigo Capelo, Época Negócios.
O jogo entre Huachipato e Grêmio, na noite desta quinta-feira (18/04), expõe bem o abismo que há entre as finanças de clubes brasileiros e times do resto da América Latina. A equipe chilena, que pode eliminar os gaúchos da Copa Libertadores com uma vitória simples, tem um faturamento 50 vezes inferior.
No ano passado, a receita do Grêmio ultrapassou os R$ 200 milhões. Foram R$ 52 milhões recebidos da Globo pelos direitos de transmissão, R$ 23 milhões pagos por patrocinadores, R$ 17 milhões de bilheterias, R$ 37 milhões com a venda de atletas, R$ 43 milhões com o quadro social…
O Huachipato arrecadou R$ 4 milhões, segundo o advogado Eduardo Carlezzo, especializado em direito desportivo e futebol sul-americano, no mesmo ano.
Os chilenos podem eliminar o Grêmio. O primeiro jogo entre ambos, na primeira rodada , quando o Huachipato venceu os gaúchos por 2 a 1 no Rio Grande do Sul, indica que este resultado é possível.
Mas a realidade é que, tamanha a disparidade financeira entre brasileiros e demais sul-americanos, casos assim tendem a se tornar mais raros.
“Há dez anos, Boca Juniors e River Plate tinham capacidade financeira igual ou superior aos grandes clubes brasileiros. Isto ficou no passado e dificilmente voltará a ocorrer”, analisa Carlezzo.
A principal fragilidade das equipes sul-americanas é a dependência à venda de atletas.
O chileno La U, campeão da Copa Sul-Americana em 2011, conseguiu aumentar o faturamento a R$ 110 milhões em 2012. Mas a maior parte, R$ 62 milhões, vem das negociações de jogadores, um item que varia muito de ano para ano. Um ano antes, em 2011, o faturamento da La U foi de R$ 55 milhões, muito porque as vendas de atletas, R$ 14 milhões, não foram tão bem.
“O crescimento econômico do Brasil em geral e das empresas brasileiras em específico, aliados ao aumento do poder de consumo da população, são elementos externos ao futebol que colaboraram para o aumento das receitas. Internamente, os clubes aprenderam a tratar e negociar suas propriedades comerciais e esportivas”, explica o advogado desportivo.